No meio agrícola, há uma grande preocupação com relação à qualidade do solo na tomada de decisão associada às ações de manejo e cultivo. O entendimento geral é que o solo está saudável quando seu ecossistema funciona adequadamente, dando suporte aos seres vivos que dependem dele, como micro-organismos, animais e plantas.
De certa forma, é algo bastante nítido: se o solo não consegue sustentar o crescimento de uma planta, há algo de errado com ele. Porém, como definir, de maneira clara, que determinado solo não está saudável? À primeira vista, isso não é tão simples quanto parece.
Neste texto, detalhamos os tipos de indicadores de qualidade dos solos e explicamos como é possível ser mais sustentável nessa análise tão importante para quem lida com agricultura. Confira:
Como avaliar a qualidade de um solo?
A avaliação da qualidade do solo pode ser feita de várias maneiras, grande parte delas a partir do uso de indicadores químicos e físicos famosos entre agrônomos e produtores. No entanto, nem todo mundo sabe que também é possível realizar essa mesma prova de excelência a partir de indicadores biológicos, o que é muito mais sustentável.
Entre vários tipos de indicadores biológicos de qualidade do solo existentes, os mais usados são, provavelmente, os microbiológicos, como, por exemplo, as medidas de atividade microbiana, as contagens de micro-organismos e as avaliações da biodiversidade, todos coletados pelas ferramentas da Biome4All.
Além disso, também existem vários grupos de animais que podem ser usados para atestar a qualidade do solo, como, por exemplo, os nematoides. Ainda que sejam reconhecidos por profissionais do agronegócio como pragas, há muitas espécies de vida livre que contribuem para a saúde do solo e, portanto, podem ser usadas como parâmetro de excelência.
Por que os nematoides são bons indicadores de solo?
Os nematoides do solo (vermes de tamanhos variados, geralmente abundantes no solo e na água) possuem várias características que os credenciam como bons indicadores biológicos, como, por exemplo, as seguintes particularidades:
- São abundantes em todos os ambientes;
- Ocupam posições-chave na cadeia trófica do solo;
- Integram várias informações relacionadas com o solo;
- Possuem ciclo de vida curto;
- Têm maior disponibilidade de informações sobre sua biologia e taxonomia;
- Respondem rapidamente às perturbações.
Quais dados dos nematoides servem à avaliação do solo?
A análise dos nematoides gera dados sobre os grupos taxonômicos de uma amostra, em níveis diferentes (espécie, gênero, etc.) e com relação à sua frequência ou abundância. Tais informações são relevantes para a própria avaliação do solo ou para a comparação dos hábitos alimentares dos organismos e suas guildas funcionais, fornecendo índices de qualidade variados.
Um dos indicadores de excelência mais comuns e fáceis de calcular são os de diversidade. Eles refletem o número de espécies ou táxons em uma amostra, bem como a abundância e equilíbrio na ocorrência. O maior problema é que eles não consideram os grupos taxonômicos em si, ou seja, é possível ter dois solos com o mesmo valor, mas comunidades de nematoides diferentes.
Outro dado bastante utilizado é o índice de maturidade, que mede o estado da sucessão ecológica de uma comunidade de nematoides. Isso é relevante porque há diferença na sensibilidade das espécies às interrupções de uma sucessão ecológica, ou seja, é possível medir a perturbação do solo a partir da quebra desses ciclos por práticas agrícolas.
Entretanto, muitos nematologistas sugerem que o melhor forma de usar os nematoides para medir a qualidade do solo é avaliando a ocorrência de organismos sensíveis a uma determinada condição. Isso pode ser feito em vários níveis taxonômicos e é biologicamente possível porque seres de um mesmo grupo tendem a compartilhar hábitos alimentares e estilos de vida.
Analisando os nematoides como indicadores do solo
Os métodos de análise de nematoides mais comuns envolvem a separação dos organismos das amostras e o seu exame posterior no microscópio. Aliás, a própria existência de métodos eficientes de análise é uma das vantagens de usarmos estes organismos do solo como indicadores de qualidade.
Normalmente, as espécies de interesse econômico (responsáveis por doenças nas plantas cultivadas) são as que apresentam mais informações disponíveis aos profissionais que avaliam os nematoides. Porém, para usá-los como indicadores, o analista também precisa identificar os grupos taxonômicos de vida livre, o que nem todos conseguem.
Uma solução é usar ferramentas genéticas para caracterizar as comunidades. Neste caso, o DNA dos organismos é extraído e analisado, servindo como marcador taxonômico. A vantagem é que esse método pode ser usado por técnicos sem tanto conhecimento no assunto, basta estar calibrado e existir referência para a atribuição dos genes aos respectivos organismos.
Na Biome4All, o NemaScan é a ferramenta que permite analisar a comunidade de nematoides do solo, sejam fitonematoides ou organismos de vida livre. Com ela, é possível estudar o DNA dos organismos, definindo os gêneros e espécies da amostra, a proporção de organismos com diferentes hábitos alimentares e definir se pertencem a múltiplas guildas funcionais ou não.
Além disso, é possível avaliar a comunidade com relação ao índice de diversidade, facilitando o uso dos nematoides como indicadores naturais de qualidade do solo. Para saber mais detalhes sobre o funcionamento da tecnologia NemaScan, entre em contato conosco!
Texto: Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da Biome4All
