O aumento da população mundial nas últimas décadas fez crescer a demanda por alimentos e, por tabela, a preocupação com o meio ambiente e a saúde humana. Esse inquietação, por sua vez, vem mudando o hábito dos consumidores, que têm optado cada vez mais por alimentos saudáveis e sustentáveis fornecidos pela agricultura orgânica.
Diferente do modo tradicional, que busca a maior produtividade possível, a agricultura orgânica está mais preocupada com qualidade dos alimentos e a harmonia com o meio ambiente. Para alcançar esse objetivo, prioriza o uso de técnicas de manejo sem o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes químicos.
No entanto, apesar dos benefícios comprovados e da aceitação crescente do público, a agricultura orgânica ainda enfrenta vários desafios, como a substituição dos agrotóxicos no combate às pragas e alto custo final ao consumidor provocado pelo maior tempo de produção.
Neste sentido, o uso do potencial natural do solo pode ser a saída para contornar esses problemas, tornando os alimentos orgânicos mais acessíveis ao público-final. Neste texto, esclarecemos um pouco mais sobre a relação de cooperação entre a produção orgânica e os micro-organismos do solo. Confira:
O valor da microbiota do solo na produção orgânica
Como dito, o sucesso da agricultura orgânica passa, em grande parte, pelo aproveitamento dos potenciais naturais de solo, especialmente os biológicos. Para isso, é preciso conhecer, de maneira ampla e detalhada, a microbiota presente no solo, assim como os seus atributos funcionais.
A microbiota é composta por micro-organismos que podem tanto beneficiar quanto prejudicar os vegetais. Felizmente, a maioria dos seres presentes no solo interage de maneira benéfica com as plantas, permitindo a compensação (ao menos parcialmente) de alguns dos entraves da agricultura orgânica.
Isso é possível porque vários micro-organismos do solo produzem moléculas como as nematicidas e os inseticidas, que controlam as pragas agrícolas. Além disso, a atividade metabólica desses organismos também fornece nutrientes para o crescimento vegetal, promovendo a fertilização natural do solo.
O impacto da análise genética na agricultura orgânica
Sem dúvida, a análise genética do solo é a ferramenta mais adequada para conhecer profundamente a microbiota do solo. De acordo com o biólogo Robert Freitas, essa tecnologia consegue detectar, simultaneamente, boa parte dos organismos presentes na terra, ao contrário das técnicas tradicionais de microbiologia.
Um estudo de 2017 comparou o estado dos microbiomas do solo na agricultura orgânica e convencional. Sob o regime orgânico, o solo apresentou maior diversidade microbiana do que o convencional e registrou maior presença de organismos atuantes na supressão de fungos e nematoides patogênicos.
Este tipo de estudo, baseado na análise genética do solo, demonstra os benefícios da agricultura orgânica na preservação do meio ambiente e valida as opções de manejo para os produtores. A partir dele, é possível comparar a eficácia dos fertilizantes orgânicos em determinada cultura (para escolher o produto mais eficiente) e minimizar possíveis pragas ou outras ameaças.
Portanto, se você é produtor agrícola de alimentos orgânicos, considere o uso da análise genética do solo para potencializar a sua lavoura. A Biome4All, por exemplo, desenvolveu a ferramenta AgriAnalysis, que faz a extração e o sequenciamento do DNA do solo, gerando dados para identificação e análise dos organismos e de suas funções.
Para saber mais sobre essa tecnologia e como ela pode ser aplicada no seu negócio, entre em contato conosco!
Texto: Marcus Adonai Castro da Silva – microbiologista e cofundador da Biome4All