Os solos cultivados constituem verdadeiros agroecossistemas cuja principal característica é o intenso manejo humano. Sabe-se que esses ecossistemas têm provocado grandes impactos ambientais, apesar de terem proporcionado o fornecimento de alimento para a população. Independente disso, os agroecossistemas compartilham várias características com os ecossistemas naturais e, como eles, também podem fornecer serviços ecossistêmicos. Entretanto, isso só é possível se empregarmos as práticas agrícolas corretas.
Neste texto quero falar um pouco sobre os tipos de serviços ecossistêmicos proporcionados pela agricultura e como eles se relacionam com a microbiota do solo. Também irei explicar um pouco sobre como podemos avaliar esta relação pela genética do solo.
A agricultura como fornecedora de serviços ecossistêmicos
Podemos definir de maneira geral os serviços ecossistêmicos como o conjunto de benefícios que a natureza proporciona aos seres humanos. Os principais serviços ecossistêmicos fornecidos pela agricultura são os alimentos, o combustível e as fibras para diversos usos. Estes são os mais fáceis de serem percebidos e, na verdade, são os próprios objetivos das práticas agrícolas.
Além disso, há vários outros serviços ecossistêmicos que a agricultura nos fornece, se forem adotadas as práticas agrícolas corretas, como manter a fertilidade do solo. Outro exemplo de serviço é o de regulação de populações de animais silvestres, de pestes e de animais polinizadores. Por último, os agroecossistemas também exercem um efeito regulatório sobre processos ambientais como a perda de água, a emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono.
A microbiota e o aumento da fertilidade do solo
Em todos estes serviços que os ecossistemas agrícolas proporcionam aos humanos, os micro-organismos do solo atuam de maneira muito intensa. Mas, o fornecimento desse tipo de serviço depende, em grande parte, das práticas de manejo adotadas. O uso de plantas de cobertura e o plantio direto são exemplos de práticas que podem proporcionar uma maior fertilidade do solo, incrementando a sua qualidade. Isso se dá pelo aumento da concentração de matéria orgânica do solo, que é decomposta pelos micro-organismos, liberando nutrientes que ficam disponíveis no solo, tornando-o mais fértil.
No FB Diagnóstico, serviço oferecido pela B4A, atributos associados à fertilidade do solo são estudados, considerando-se a nutrição vegetal. Com essa ferramenta, nós podemos verificar se, por exemplo, há um potencial para mineralização da matéria orgânica e liberação de nutrientes como nitrogênio e fósforo.
A emissão de gases de importância climática e a microbiota
Outro bom exemplo de serviço ecossistêmico realizado pela agricultura, e que possui uma íntima relação com os processos microbianos do solo, é a regulação da emissão de gases atmosféricos. Esse tipo de processo recebe grande atenção mundial, devido à sua relação com as mudanças climáticas globais. Porém, muitos não sabem que a emissão de gases como o metano e o dióxido de carbono, entre outros, se deve principalmente à ação de micro-organismos do solo.
Sendo assim, nós podemos empregar o levantamento genético do solo para avaliar a presença de organismos que atuam na geração desses gases, bem como nos aspectos funcionais relacionados a estes processos biogeoquímicos. Esta avaliação pode ser feita para, por exemplo, para comparar solos nos quais diferentes práticas de manejo foram adotadas. Dessa maneira, podemos identificar aquelas práticas que proporcionam os melhores serviços ecossistêmicos. Isso é importante, pois, além de obtermos um ambiente mais saudável, há a possibilidade de o produtor converter essas ações em valor monetário para si. O melhor exemplo disso são os créditos de carbono relacionados como o sequestro deste elemento.
Dr. Marcus Adonai Castro da Silva – cofundador da B4A.