Insetos, nematoides e fungos são alguns dos responsáveis por doenças que custam bilhões de reais todos os anos aos produtores agrícolas. A boa notícia é que os próprios micro-organismos do solo podem ajudar no manejo de pragas.
Afinal, a maioria das espécies microbianas age de maneira benéfica às plantas, o que significa que elas também podem contribuir para o controle de doenças.
A seguir, detalhamos como funciona essa relação e como ela pode ser otimizada pelos agricultores com o uso de tecnologia avançada. Confira:
A competição pelos mesmos recursos no solo
Competição é um tipo de interação biológica em que micro-organismos patogênicos (não benéficos) são controlados por outros micro-organismos.
Ou seja, um organismo se beneficia enquanto outro é prejudicado, pois ambos competem por um ou mais recursos disponíveis (nutrientes ou um ambiente a ser colonizado).
Isso acontece, por exemplo, quando um micro-organismo patogênico é inibido a partir da privação de um nutriente essencial, favorecendo o desenvolvimento das plantas de determinada área.
Para controlar esses patógenos, um método é a privação por ferro. Nele, os micro-organismos benéficos produzem moléculas especiais para absorver o ferro do solo, inibindo o crescimento do fitopatógeno, que não consegue sugá-lo eficientemente.
O combate por meio de substâncias antimicrobianas
Além da privação de um nutriente essencial, os micro-organismos benéficos também conseguem inibir um fitopatógeno pela produção de substâncias antimicrobianas.
Quando se encontram na rizosfera ou se associam aos vegetais, estes produtores podem inibir ou matar fungos e bactérias fitopatogênicas, aumentando a proteção das plantas.
Neste sentido, as substâncias antimicrobianas que agem sobre as bactérias são chamadas antibacterianas e as que inibem os fungos, antifúngicas.
O controle microbiano de nematoides e insetos
Os micro-organismos não atuam apenas no controle de seus pares, eles também podem ser essenciais no domínio de outros elementos prejudiciais às plantas, como nematoides e insetos.
O controle de nematoides por micro-organismos do solo está associado à produção de vários tipos de moléculas. Fungos e bactérias, por exemplo, conseguem produzir compostos orgânicos voláteis que exercem essa função.
Além disso, tais compostos também podem estimular a resistência sistêmica das plantas aos nematoides e a outros organismos prejudiciais.
Já os insetos, por sua vez, podem ser controlados por micro-organismos entomopatogênicos, que produzem toxinas e enzimas letais como as quitinases, capazes até de romper o exoesqueleto destes animais.
Entre os exemplos mais conhecidos de entomopatogênicos estão as bactérias Bacillus thuringiensis e os fungos dos gêneros Metarhizium e Beauveria.
Como avaliar o potencial de controle de um solo?
Para aprimorar o manejo de pragas e doenças agrícolas, é essencial realizar a análise do potencial natural do solo para o controle de nematoides e fungos fitopatogênicos.
A ferramenta Agri-Analysis, da Biome4all, possibilita esse mapeamento de micro-organismos e a posterior avaliação de seus atributos funcionais por métodos genéticos, ajudando a identificar o potencial do solo para o controle de pragas e doenças.
Com essa informação, o produtor ou agrônomo pode reavaliar e refinar as práticas agrícolas empregadas em uma lavoura, garantindo que o processo produtivo seja mais harmonioso com o meio ambiente, sem deixar de ser rentável.
Para saber mais, entre em contato!
Foto: Beauveria colonizando a broca-da-cana (Koppert do Brasil)
Texto: Marcus Adonai Castro da Silva – cofundador da Biome4all