Controle biológico de fitonematoides

Confira como os fungos e bactérias do seu solo podem contribuir para o controle biologico de fitonematoides importantes na cultura da soja

Fitonematoides são parasitas que podem causar prejuízos econômicos em diversas culturas. Na soja, por exemplo, estima-se um prejuízo acumulado de R$ 374 bilhões nas lavouras brasileiras devido aos danos causados por nematoides nos últimos 10 anos (1). Assim, o produtor precisa estar atento ao controle destes parasitas na sua lavoura.  Confira agora como os fungos e as bactérias benéficas podem ser fortes aliados no controle biológico de fitonematoides na cultura da soja.

Meloidogyne spp.

De corpo alongado e globoso (no caso das fêmeas), com sua região anterior possuindo um leve entroncamento, os fitonematóides do gênero Meloidogyne spp. são vilões muito conhecidos nas lavouras brasileiras.

Devido a sua ampla distribuição geográfica e alta densidade de populações, representam um dos principais grupos de fitonematoides, podendo ser encontrado em plantações de soja, algodão, café, cana-de-açúcar, entre outras várias culturas de grande expressão no território brasileiro.  Na cultura da soja, as principais espécies relatadas deste nematoide são M. incognita e M. javanica

Esses parasitas adentram o tecido radicular e injetam secreções que os auxiliarão na nutrição. Entretanto, a planta responde à estas secreções do patógeno, e isso acaba causando um crescimento desenfreado das células, formando as conhecidas “galhas´´. Isso resulta em menor absorção de água e nutrientes pelas raízes e consequentemente, subdesenvolvimento da planta.

Figura 1: A imagem acima mostra exemplos de galhas formadas devido ao processo de hipertrofia das células radiculares causadas pelo Meloidogyne incognita. Fonte: Agro Bayer Brasil

Micro-organismos que habitam o solo podem atuar no controle biológico desses fitonematóides.

Exemplos de bactérias que atuam no controle biológico de Meloidogyne estão:

  • Bacillus megaterium
  • Bacillus amylolyquefaciens
  • Bacillus firmus
  • Bacillus liqueniformis

Exemplos de fungos que atuam no controle biológico de Meloidogyne estão:

  • Paecylomyces lilacinus
  • Pochonia chlamydosporia
  • Trichoderma harzanium
  • Trichoderma koningiopsis

O modo de ação no controle biológico deste fitonematoide pode variar. Bactérias do gênero Bacillus spp., como Bacillus megaterium podem reduzir a migração do Meloidogyne spp. para a rizosfera. Além disso, as toxinas das bactérias podem ser capazes de reduzir em até 60% a eclosão dos ovos de Meloidogyne (5).

Na classe dos fungos, P. lilacinus parasitam os ovos e os cistos. É importante dizer que esta espécie possui uma ótima adaptabilidade a diferentes níveis de pH do solo e são muito competitivos em campo. Já o P. chlamydosporia parasita diretamente o nematóide-da-galha. Um estudo mostrou que P. chlamydosporia juntamente com o praguicida Aldcarb, conseguiu controlar 100% da infestação por M. incognita. (5)

 Heterodera glycines

O fitonematóide Heterodera glycines ou nematoide-do-cisto é um fitonematóide endoparasita muito frequente na cultura da soja (causador do nanismo amarelo da soja). Também pode afetar outras 149 espécies diferentes de plantas, grande parte leguminosas (2).

Devido ao seu ciclo consideravelmente curto, ao grande número de ovos depositados pelas fêmeas e a capacidade de continuarem viáveis por até 7 anos, esse parasita representa um problema recorrente para as lavouras.

Exemplos de micro-organismos que podem atuar no controle biológico de H. glycines estão:

  • Pausteria penetrans
  • Pausteria nishizawae
  • Monacrosporium robustum

P. nishizawae é parasita específico do Heterodera glycines. Ele penetra no tubo germinativo do nematoide e ali se instalam (3). Já Monacrosporium robustum, quando presente no solo, tem alta capacidade de dominar a rizosfera e envolver-se no nematóide, agindo como um antagonista natural (4).

Pratylenchus brachyurus

Pratylenchus brachyurus ataca a cultura da soja, mas também podem causar danos em espécies gramíneas, como  a cana-de-açúcar e o milho. Este nematoide causa lesões radiculares que, além de prejudicarem o desenvolvimento da planta, ainda servem como porta de entrada para outros patógenos como Fusarium oxysporum e Rhizoctonia solani. (6)

Alguns exemplos de micro-organismos que podem auxiliar no controle deste fitonematoides estão:

  • Bacillus subtilis
  • Bacillus velezensis
  • Bacillus firmus
  • Trichoderma harzanium
  • Trichoderma asperellum

As bactérias do gênero Bacillus atuam fortificando a planta. Além disso, elas estão ligadas diretamente na inibição do patógeno e na indução de resistência sistêmica, inibindo a eclosão dos ovos e prejudicando a mobilidade dos indivíduos (7, 8).

Do lado dos fungos, o gênero Trichoderma spp. como sempre, muito versátil. Pode atuar por meio do parasitismo de ovos, produzindo substâncias antinematodeas, entre outros.  (9)

Como saber o potencial de biocontrole do seu solo?

A B4A conta com uma tecnologia que é capaz de apresentar como está o potencial de controle biológico de fitonematoides do solo, com base em um banco próprio referenciado exclusivo. Com o nosso serviço FB Diagnóstico, você poderá também verificar como está o potencial de outras funcionalidades dos micro-organismos do solo, como a promoção de crescimento de plantas, processos relacionados com a fertilidade do solo, entre outros.

Para saber mais informações, entre em contato com a nossa equipe!

Autoria: Marcos Cabral Camilla Castellar, da B4A.

Referências

1- FAVERIN, V. Parasita causa prejuízo de R$ 65 bilhões na soja brasileira. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/projeto-soja-brasil/parasita-causa-prejuizo-soja-brasil-65-bilhoes. Acesso em: 18 jan. 2023.

2- Nematoide-do-cisto (Heterodera glycines). Disponível em: https://iphytus.com/nematoide-do-cisto-heterodera-glycines. Acesso em: 18 jan. 2023.

3- VICENTI, C. B. OCORRÊNCIA DE PASTEURIA NISHIZAWAE EM ÁREAS DE SOJA E CONTROLE DE HETERODERA GLYCINES EM CASA DE VEGETAÇÃO. Dissertação de Mestrado—UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA: [s.n.]. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/12082. Acesso em: 18 jan. 2023.

4-  MAIA, A. S.; SANTOS, J. M. D.; DI MAURO, A. O. Estudo in vitro da habilidade predatória de monacrosporium robustum sobre heterodera glycines. Fitopatologia Brasileira, v. 26, n. 4, p. 732–736, dez. 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-41582001000400007. Acesso em: 19 jan. 2023.

‌5- MONTEIRO, A. C. NUNES, H. T.; POMELA, A. W. V. Uso de agentes microbianos e químicos para o controle de Meloidogyne incognita em soja. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 32, n. 3, 27 ago. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.4025/actasciagron.v32i3.2166. Acesso em: 18 jan. 2023.

6- FONSECA LUIZ, D. C. INTERAÇÃO ENTRE Pratylenchus brachyurus E Macrophomina phaseolina NA CULTURA DA SOJA. Dissertação de Mestrado—Instituto Federal Goiano – IFG: [s.n.]. Disponível em: https://repositorio.ifgoiano.edu.br/handle/prefix/2451. Acesso em: 19 jan. 2023.

7- DO NASCIMENTO, D. D. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO E CONTROLE DE NEMATOIDES DA SOJA POR ISOLADOS DE Bacillus spp. Dissertação de mestrado – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP: [s.n.]. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/182198. Acesso em: 19 jan. 2023.

8- HIGAKI, W. A. Bacillus subtilis E ABAMECTINA NO CONTROLE DE Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS EM ALGODOEIRO EM CONDIÇÕES CONTROLADAS. Tese de Doutorado – Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE: [s.n.]. Disponível em: http://bdtd.unoeste.br:8080/jspui/handle/tede/557. Acesso em: 19 jan. 2023.

9- KATH, J. Mecanismos de controle de Pratylenchus brachyurus por Trichoderma spp. em soja e potencial para uso com indutores de resistência. Dissertação de Mestrado—UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM: [s.n.]. Disponível em: http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/5818. Acesso em: 19 jan. 2023.

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