Recentemente eu abordei alguns dos resultados de um mapeamento genético de solo cultivado com goiaba, gerado com o FB Diagnóstico da B4A. Abordei, na postagem anterior, a contribuição da microbiota para a saúde vegetal e para a nutrição. Portanto, neste texto quero continuar a falar do mesmo resultado, abordando a biodiversidade do solo mapeado. Porém focarei especificamente nos organismos encontrados e seus efeitos benéficos para o solo.
A diversidade da microbiota do solo
De acordo com os resultados do mapeamento, a diversidade da microbiota do solo é alta, em comparação com outros solos similares. De maneira geral, uma alta diversidade significa um solo saudável. No mais, uma alta diversidade significa a realização de múltiplas funções importantes para a manutenção do ecossistema.
O grupo predominante de bactérias é Proteobacteria. Isto não é inesperado, uma vez que este grupo é normalmente o mais comum nos solos. Porém, outros grupos, como Actinobacteria, Bacteroidetes e Acidobacteria, também estão presentes de maneira significante neste solo.
Da mesma maneira, entre os fungos, Ascomycota foi o grupo principal, como esperado. Além dele, outros grupos de fungos abundantes foram Basidiomycota e Rozellomycota. Este é um grupo pouco conhecido de fungos, com apenas alguns organismos descritos.
Os micro-organismos promotores de crescimento em plantas
No solo mapeado nós detectamos vários gêneros de organismos promotores de crescimento em plantas entre a microbiota do solo. Entre as bactérias, se destacaram Arthrobacter, Brevibacillus e Burkholderia, entre outros. Arthrobacter é um gênero de bactérias que se destaca pela produção de fitohormônios, estimulando processos fisiológicos das plantas importantes para a produtividade. Brevibacillus atua nutricionalmente, solubilizando elementos dos minerais do solo, como o fósforo e o potássio. Burkholderia realiza vários processos benéficos aos vegetais, incluindo a produção de sideróforos para a aquisição de ferro, de fitohormônios e a fixação do nitrogênio.
Por outro lado, entre os fungos os gêneros Aspergillus, Glomus e Penicillium se destacaram como os mais frequentes, entre alguns outros. Aspergillus e Penicillium também se destacam na produção de hormônios vegetais, além de promoverem a absorção de nutrientes como o ferro e o fósforo. Glomus é um dos gêneros de micorrizas cujas funções benéficas, especialmente nutricionais, são bem conhecidas.
Os micro-organismos do solo que atuam no controle biológico
No solo nós também detectamos vários gêneros de micro-organismos com atuam no controle de pragas. O gênero Bacillus é um dos mais versáteis neste contexto, pois pode controlar vários tipos de organismos prejudiciais às plantas, incluindo insetos e nematódeos. Um gênero relacionado à Bacillus é Paenibacillus. Este gênero compreende organismos importante no controle de fungos patogênicos. No solo mapeado, a sua frequência esteve um pouco acima da média, em comparação com solos similares.
Entre os fungos que são patógenos de insetos, o gênero Metarhizium se apresentou com uma frequência muito alta, em comparação com solos similares. Consequentemente, há, neste solo, um potencial natural de controle de insetos maléficos. Outro gênero de fungo importante no controle biológicos de outros fungos é Trichoderma. Neste caso, a frequência deste gênero também foi muita mais alta que a média para solos cultivados com goiaba. Sendo assim, também pode-se afirmar que neste solo há um bom potencial para o controle de fungos prejudiciais.
Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da B4A