Bactérias do gênero Azospirillum, incluindo o Azospirillum brasilense, mais amplamente estudado, são bactérias de solo não patogênicas que promovem o crescimento de diversas plantas, tornando-as um modelo atraente para entender associações não-simbióticas e benéficas entre plantas e bactérias (1).
Os benefícios de Azospirillum para as plantas
Estudos revelam que a utilização de bactérias do gênero Azospirillum promove, de forma eficaz, o crescimento das plantas através de (2):
- Fixação biológica do nitrogênio;
- Produção de fitohormônios;
- Melhora na absorção de água e minerais;
- Maior tolerância das plantas a estresses como salinidade e seca;
- Melhora dos parâmetros das folhas, como o teor de clorofila;
- Maior tolerância a agentes patogênicos de plantas;
Umas das mais estudadas e conhecidas capacidade desse gênero, em especial da espécie A. brasilense, é a fixação biológica de nitrogênio (FBN). Isso porque, essas bactérias conseguem converter o nitrogênio (N2) presente na atmosfera em formas que podem ser assimiláveis pelas plantas (NH3).
Tal propriedade fez com que fosse atribuída a algumas espécies do gênero a classificação de bactérias diazotróficas endofíticas, por atuarem no desenvolvimento das plantas principalmente por meio do processo de FBN.
Outro mecanismo que permite que o Azospirillum auxilie no crescimento e desenvolvimento das plantas é a produção de compostos que ajudam nos processos metabólicos das plantas, como os hormônios vegetais (3).
Estudos demonstram a capacidade do referido gênero em estimular o crescimento de raízes por meio da produção e liberação de fitohormônios como AIA (ácido indol-acético), giberelinas e citocininas .
Já foram relatados incrementos na absorção da água e minerais, maior tolerância a estresses como salinidade e seca, resultando em uma planta mais vigorosa e produtiva (3).
Provavelmente pelo maior crescimento radicular e melhor nutrição das plantas, também há vários relatos de maior tolerância a agentes patogênicos de plantas.
Em uma revisão recente de trabalhos sobre as respostas fisiológicas induzidas por Azospirillum, pesquisadores relatam a melhoria em parâmetros fotossintéticos das folhas, incluindo o teor de clorofila, maior teor de prolina na parte aérea e raízes, melhoria no potencial hídrico, incremento no teor de água do apoplasto, maior elasticidade da parede celular, maior produção de biomassa e maior altura de plantas (4)
Formas de uso da bactéria na lavoura:
Os inoculantes comerciais podem ser líquidos, em gel ou sólidos (turfosos) (5).
Via sementes | Sulco de semeadura | Pulverização |
Pode ser usado o produto líquido e o turfoso. Porém, não é recomendado esse tipo de aplicação em todos os tipos de plantas, sendo mais comum seu uso em algumas leguminosas e no plantio de milho. | Os estudos revelam que a inoculação via sulco é uma opção mais ágil e eficaz em relação à fixação de nitrogênio. Além disso, os efeitos negativos dos produtos químicos utilizados no tratamento de sementes podem ser minimizados nesse sistema de aplicação. | Nesse método é recomendado o uso de inoculante líquido para obter um maior desempenho. |
Cuidados na escolha de bioinsumos e na aplicação dos mesmos na lavoura
Ao utilizar as bactérias Azospirillum nas áreas de cultivo, tenha atenção aos seguintes cuidados para obter máxima produtividade:
- Apenas utilize inoculantes que estão dentro do prazo de validade;
- Escolha a partir do seu objetivo se a forma mais eficiente é a inoculação via semente, sulco ou pulverização;
- Evite expor os inoculantes ao sol e a altas temperaturas;
- Quando a aplicação for feita nas sementes, tenha atenção redobrada para o uso de sementes certificadas;
- Siga as recomendações do fabricante para realizar a inoculação da maneira correta.
Os produtos formulados com Azospirillum já ocupam grande espaço dentro dos inoculantes biológicos, principalmente para as culturas de milho e trigo.
Com os profissionais do agronegócio obtendo ganhos a partir do uso dessa bactéria benéfica a tendência é que siga aumentando as pesquisas e busca por cepas ainda mais eficientes. O uso de micro-organismos nas lavouras é um método sustentável do ponto de vista econômico e ambiental.
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Além disso, também é possível empregar as técnicas de qPCR para quantificar estes diferentes atributos funcionais de Azospirillum, descobrindo se o solo precisa de algum manejo biológico para favorecer as linhagens deste gênero bacteriano.
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Texto: Yasmin Boeira, microbiologista da B4A
Referências
- Alexandre G. Azospirillum brasilense, a Beneficial Soil Bacterium: Isolation and Cultivation. Curr Protoc Microbiol. 2017 Nov 9;47:3E.1.1-3E.1.10. doi: 10.1002/cpmc.40. PMID: 29120487.
- Hartmann, A., & Baldani, J. I. (2006). The Genus Azospirillum. The Prokaryotes, 115–140. doi:10.1007/0-387-30745-1_6
- Gullett J, O’Neal L, Mukherjee T, Alexandre G. Azospirillum brasilense: Laboratory Maintenance and Genetic Manipulation. Curr Protoc Microbiol. 2017 Nov 9;47:3E.2.1-3E.2.17. doi: 10.1002/cpmc.39. PMID: 29120483.
- Hungria, Mariângela Inoculação com Azospirillum brasiliense: inovação em rendimento a baixo custo / Mariangela Hungria. – Londrina: Embrapa Soja, 2011. 36p. – (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X; n.325)
- Fukami J, Cerezini P, Hungria M. Azospirillum: benefits that go far beyond biological nitrogen fixation. AMB Express. 2018 May 4;8(1):73. doi: 10.1186/s13568-018-0608-1. PMID: 29728787; PMCID: PMC5935603.