Qual é o papel dos micro-organismos do solo no sequestro de carbono?

Conhecer a microbiota dos solos cultivados possibilita a avaliação da fixação e do sequestro de carbono em determinado solo, otimizando a produção
Sequestro de carbono

Por definição, sequestro de carbono é a transferência do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera para solos e oceanos. Isso pode ser feito por meio da fixação do CO2, mediada por organismos autotróficos, aqueles capazes de sintetizar o próprio alimento.

Tais organismos, aliás, são divididos em dois tipos: fotossintéticos (plantas e algas) e quimiossintéticos (bactérias), sendo o primeiro mais relevante. Nos oceanos, esse processo é mediado principalmente por microalgas; nos ambientes terrestres, ele é realizado por plantas.

O interesse crescente pelo tema tem relação direta com o aumento da emissão de CO2 na atmosfera, fenômeno associado às mudanças climáticas globais e vem sendo registrado desde o século passado. Um exemplo é a acidificação dos oceanos, processo que pode provocar grandes perdas na vida marinha, afetando até a sobrevivência da humanidade.

Neste texto, esclarecemos a relação dos micro-organismos do solo no sequestro de carbono e como a análise genética pode ajudar a otimizar esse processo. Confira:

O sequestro de carbono em ambientes terrestres

Uma das causas do aumento da emissão de CO2 na atmosfera são os diferentes usos da terra, como o desmatamento e as queimadas. Estas práticas reduzem a biomassa e a diversidade de organismos fotossintéticos, além da capacidade de um ambiente terrestre em sequestrar o carbono atmosférico.

Geralmente, os ambientes terrestres atuam de maneira muito ativa no sequestro de carbono, seja pelas próprias plantas ou por processos ocorridos nos solos (os maiores reservatórios de carbono dos ecossistemas terrestres), onde os micro-organismos atuam de maneira ativa.

A atuação dos micro-organismos nesse processo

Os processos de respiração, associados à decomposição da matéria orgânica pelos micro-organismos, são capazes de reduzir o sequestro de carbono no solo. Para isso, a matéria orgânica deve ser convertida em CO2 e emitida na atmosfera, processo descrito como perda de carbono dos solos.

Por outro lado, os micro-organismos também contribuem de maneira significativa para esse sequestro. A fixação do CO2 destes seres é baixa em comparação com a das plantas, mas sua atuação na formação do húmus, matéria orgânica de difícil mobilização, faz com que o carbono permaneça aprisionado no solo.

Dessa forma, o equilíbrio dos vários processos biológicos de ciclagem do carbono eventualmente irá determinar se os micro-organismos atuam de maneira positiva ou negativa no sequestro desse elemento neste local.

O sequestro de carbono em solos cultivados

Quando um solo é utilizado para o cultivo agrícola, toda a estrutura e dinâmica deste ecossistema é alterada. A mudança da cobertura vegetal pode ter grandes efeitos na capacidade de sequestro de carbono pelas plantas, em comparação com a vegetação natural.

Por outro lado, o tipo de cobertura vegetal exerce grande influência sobre as comunidades microbianas do solo, o que também pode alterar a dinâmica de sequestro de carbono de um ecossistema.

Desta maneira, o conhecimento da microbiota dos solos cultivados — obtido com ferramentas de análise genética como a AgriAnalysis, da Biome4all — possibilita a avaliação destes efeitos. Eventualmente, esta análise também auxilia na escolha de práticas agrícolas mais responsáveis, relacionadas aos problemas globais que ameaçam o futuro da nossa sociedade.

Para saber mais sobre análise genética do solo e como funcionam nossas ferramentas, entre em contato conosco.

Texto: Prof. Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da Biome4all

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