No Brasil, já foram identificadas mais de 60 doenças da cana de açúcar, muitas delas associadas à presença de micro-organismos, especialmente fungos.
A seguir, detalhamos a ocorrência de algumas destas principais doenças e explicamos como a análise genética do solo pode ajudar a combatê-las. Confira:
1. Carvão da Cana
O Carvão da Cana é uma doença causada pelo fungo Ustilago scitaminea. Sua principal característica é o aparecimento de um “chicote”, um tipo de apêndice apical formado tanto por tecido vegetal quanto pelos próprios fungos.
Já a transmissão do fungo pode acontecer tanto a partir do transporte de esporos pelo vento quanto por meio de mudas contaminadas.
Em todo caso, os danos provocados por essa doença da cana de açúcar variam e podem ser muito intensos. Em certas cultivares, o Carvão da Cana pode provocar a perda total da produção!
Por isso, a prevenção deve ser feita empregando tratamento térmico e variedades mais resistentes de cana de açúcar. Além disso, é possível evitar a doença controlando a contaminação das mudas ou eliminando indivíduos já infectados.
2. Ferrugens da Cana
As Ferrugens da Cana de Açúcar são causadas por fungos do gênero Puccinia. A espécie Puccinia melanocephala causa a ferrugem marrom, enquanto a Puccinia kuehnii provoca a ferrugem alaranjada.
Ambas se caracterizam pela presença de pústulas coloridas nas partes inferiores das folhas, variando de tons amarelados a marrom escuro.
No caso específico da ferrugem alaranjada, as pústulas são menores, tem cor laranja e necrose mais intensa. Neste caso, a disseminação do fungo se dá principalmente pelo vento e pela chuva.
Fora o risco de reduzir o crescimento das plantas, a doença não costuma causar grandes danos, já que a maioria das variedades de cana de açúcar é bem resistente à ela. O uso de variedades, aliás, é a medida de controle mais indicada para evitar a doença.
3. Podridão de Fusarium
O fungo Fusarium moniliforme causa a Podridão de Fusarium, doença que está presente em todas as regiões produtoras e afeta a cana de açúcar em qualquer estágio do seu ciclo de vida.
Trata-se de uma doença transmissível por meio de mudas contaminadas, cujo principal sintoma é a podridão da raiz e do colmo, além da morte de várias plantas agrupadas e da deformação e clorose das folhas afetadas.
Neste sentido, o controle do fungo pode ser feito através do uso de variedades resistentes, a exemplo do que já é feito para combater outras doenças da cana de açúcar.
4. Mancha Parda
O fungo responsável pela Mancha Parda da Cana de Açúcar é a espécie Cercospora longipes. Essa doença está presente em todas as regiões produtoras e seus principais sintomas são a presença de manchas de cor vermelha e amarela nas partes superiores e inferiores das plantas, dispostas paralelamente às nervuras das folhas.
Como em outras doenças fúngicas, o micro-organismo é disseminado na forma de esporos pelo vento e pela chuva. A intensidade do dano depende da variedade utilizada, ou seja, a escolha de tipos resistentes é a melhor forma de controlar a doença.
Uso da análise genética contra as doenças da cana de açúcar causadas por fungos
Uma ferramenta que pode ajudar a combater as doenças fúngicas da cana é a análise genética. Isso é possível através da coleta de DNA dos micro-organismos de uma amostra (do solo ou da própria planta) para identificação dos fungos patogênicos.
Essa detecção e quantificação de organismos específicos presentes em uma amostra é feita pela ferramenta Biodetec, fornecida pela Biome4All.
Além disso, também é possível empregar a análise genética do solo para avaliar o seu potencial supressivo a uma determinada doença fúngica.
Neste caso, a ferramenta FullBio da Biome4All é a mais indicada, já que permite reconhecer o potencial natural de biocontrole de uma comunidade microbiana.
Para saber mais sobre as aplicações das ferramentas de análise genética para o manejo de doenças da cana de açúcar na sua lavoura, entre em contato conosco!
Texto: Prof. Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da Biome4All