Estiagem, regiões secas e falta de irrigação causam estresse hídrico nas plantas e são dor de cabeça para o produtor rural. Afinal, o clima é uma das variáveis da natureza mais difíceis de manejar, situação que se agrava ainda mais já que boa parte dos negócios do campo é a céu aberto.
De acordo com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a seca ocorrida em 2020 gerou prejuízo de R$ 36,1 bilhões em cultivos de soja e milho produzidos apenas dentro deste estado.
Por outro lado, felizmente existem estratégias para lidar com a falta de água, garantindo a boa produtividade das lavouras. A seguir, destacamos algumas delas, em especial as que usam micro-organismos tolerantes ao estresse hídrico. Confira:
1. Culturas mais resistentes
Uma das práticas mais indicadas é a escolha de culturas com maior resistência ao estresse ambiental, como, por exemplo, a escolha do cajueiro no Nordeste. Por se tratar de uma planta nativa, ela se adapta facilmente às condições climáticas da região.
Além disso, a rotação de cultura também contribui para aumentar a resistência das plantas à seca e reduzir a erosão e a degradação do solo.
2. Plantio direto
Outra estratégia bastante adotada contra a falta de água é o plantio direto. Neste sistema, a resistência à seca é maior graças à alta capacidade de retenção de água do solo, puxada pela camada de restos vegetais presente.
Além disso, as temperaturas do solo também são mantidas mais amenas, o que também favorece o crescimento vegetal.
3. Organismos benéficos do solo
Segundo o Prof. Dr. André Oliveira de Souza Lima, os micro-organismos do solo produzem metabólitos que aumentam a resistência das plantas ao estresse hídrico. Um deles é o ácido salicílico, um importante hormônio vegetal associado à regulação de diversas respostas fisiológicas ao estresse ambiental.
Além disso, os metabólitos também estimulam a síntese de moléculas vegetais que amenizam os prejuízos da falta d’água e os efeitos disso a partir da produção de exopolissacarídeos capazes de reter mais água.
Por fim, outro metabólito é a enzima ACC deaminase, que degrada o etileno, hormônio vegetal produzido em excesso na seca e responsável por afetar a produtividade vegetal.
Como o produtor reduz os efeitos da seca?
Para aproveitar o potencial dos micro-organismos no combate à seca, o produtor pode adotar certas ações específicas, como conhecer melhor a microbiota do seu próprio solo e identificar os seus potenciais naturais, o que pode ser feito a partir do uso de serviços como o FB Diagnóstico, da B4A.
Outra possibilidade que vem ganhando mercado é o uso de produtos microbianos, que possuem ativos biológicos com atributos capazes de amenizar os efeitos da seca.
Aliás, a Embrapa identificou alguns micro-organismos em solos da Caatinga, o que demonstra que, independente da estratégia, a incorporação de componentes biológicos ao manejo da seca pode reduzir perdas e garantir o sucesso da lavoura.
Texto: Prof. Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da B4A