O ataque por pragas é um dos maiores desafios do produtor rural. A grande quantidade de plantas da mesma espécie em uma área e as mudanças do solo após anos de cultivo são alguns dos fatores favoráveis à incidência de seres causadores de doenças.
Neste sentido, há várias formas de combate às pragas, sendo o uso de defensivos químicos o método mais estabelecido entre as práticas agrícolas. No entanto, existem outras formas de combate ainda em consolidação, caso do controle biológico.
O que nem todos sabem é que existem solos com potencial natural para inibir os organismos causadores de doenças, os chamados “solos supressivos”. Tal inibição de organismos patogênicos em solos supressivos envolve três fenômenos, a saber:
- Inibição do estabelecimento dos patógenos;
- Inibição do crescimento do patógeno;
- Redução da severidade da doença causada por este patógeno.
Em todos estes casos, o resultado é um solo mais saudável para a planta cultivada, o que reduz bastante as perdas de produção.
Os mecanismos de inibição
Os solos podem inibir as pragas agrícolas por meio de mecanismos abióticos, agindo diretamente nos organismos que causam doenças ou afetando-os indiretamente, influenciando a sua atividade.
As causas abióticas de supressividade correspondem a fatores químicos e físicos que influenciam a biota, como o teor de matéria orgânica e pH do solo.
Geralmente, os solos com maior teor de matéria orgânica suprimem melhor as pragas agrícolas. Isso ocorre porque tais solos têm maior atividade microbiana, melhor estrutura de solo e maior indução da resistência das plantas às pragas.
Porém, a influência da matéria orgânica do solo sobre a sua capacidade de inibição dos patógenos é variável, já que depende dos tipos de moléculas presentes e de outros fatores, como, por exemplo, a composição da própria comunidade microbiana.
Além disso, a influência do pH também é variável, uma vez que solos com diferentes valores de pH favorecerem o crescimento de organismos distintos.
Como a microbiota torna o solo mais supressivo?
A supressão de patógenos por um solo também envolve os micro-organismos que vivem nele. A interação deles com as pragas acontece a partir da produção de substâncias que matam organismos patogênicos ou pela competição por nutrientes.
Por outro lado, alguns procedimentos adotados por produtores rurais podem prejudicar a supressividade dos solos. Os defensivos químicos, por exemplo, podem inibir seres benéficos ou alterar o equilíbrio do solo, afetando a supressividade.
É válido dizer que, apesar dos indicativos de que os mecanismos de interação entre os micro-organismos possam ser responsáveis pelos processos biológicos de supressão de patógenos, a sua significância nos próprios solos ainda não é devidamente conhecida.
Por isso, devemos ser capazes de avaliar os micro-organismos presentes em solo, a fim de aproveitarmos ao máximo o seu potencial natural de combate às pragas.
A genética de solos supressivos
Ao conduzir estudos da microbiota de um solo supressivo, avaliamos a presença de um conjunto de organismos, pois a inibição de diferentes pragas está associada à ação de espécies microbianas distintas.
Além disso, os estudos também buscam entender os aspectos funcionais associados com estas espécies microbianas, uma vez que a supressividade está associada à múltiplos mecanismos.
Com isso, entre os métodos biológicos disponíveis para a avaliação de solos, a tecnologia genética se mostra a mais promissora. Neste sentido, a B4A oferece o serviço FB Diagnóstico, que ajuda a demonstrar porque o solo se apresenta supressivo e quais são os organismos associados.
Estas ferramentas também ajudam a detectar deficiências do solo, que podem ser manipuladas para torná-lo mais supressivo, auxiliando o produtor agrícola no combate às pragas. Para saber mais, entre em contato conosco!
Texto: Prof. Marcus Adonai Castro da Silva, microbiologista e cofundador da B4A