Já imaginou se existisse uma solução natural e sustentável para melhorar a produtividade das lavouras a partir do aumento da fertilidade e também da resistência das plantas a estresses, como por exemplo o hídrico?
Saiba que essa solução pode estar debaixo dos seus pés, e tudo graças a um conjunto de substâncias com um nome um tanto complicado:
Os exopolissacarídeos!
Neste blog, vamos explorar como os exopolissacarídeos podem revolucionar a agricultura, trazendo benefícios econômicos e produtivos.
O que é um exopolissacarídeo?
Os exopolissacarídeos (EPSs) são basicamente polímeros de carboidratos (açúcares) produzidos por uma ampla variedade de bactérias e fungos que acumulam-se externamente do ambiente celular, a grosso modo, uma minúscula “gelatina´´ que se junta fora das células, riquíssima em açúcares.
Daí seu nome:
- EXO (Externo)
- POLI (Vários)
- SACARÍDEOS (Açúcares)
A presença de micro-organismos produtores de EPSs no solo é uma alternativa promissora e sustentável para aumentar a produtividade das lavouras de modo econômico e ambientalmente responsável.
Esses polissacarídeos possuem diversas funções e papéis, seja regulando o fornecimento de substrato ou até mesmo como sinais químicos para diversos processos nas plantas.
Mas vamos por partes!
É preciso entender primeiro, o papel fundamental dos micro-organismos presentes no solo e sua relação no fornecimento desses EPSs.
Os Micro-organismos
Como já citado, a liberação dessas substâncias no solo é realizada principalmente por bactérias.
Os gêneros de bactérias Azospirillum, Rhizobium e Pseudomonas, além de alguns fungos arbusculares, são os principais produtores dessas substâncias.
Vale ressaltar que, o uso de defensivos biocidas e fertilizantes químicos pode afetar negativamente a composição microbiana do solo, reduzindo a quantidade dessas bactérias e fungos benéficos.
Desse modo, o potencial de produção de EPSs na agricultura deve ser vista como parte de uma abordagem mais ampla e integrada de manejo do solo, que leve em consideração a importância dos micro-organismos para a saúde do ecossistema.
Benefícios dos exopolissacarídeos
Os EPSs têm vários benefícios para a agricultura, que afetam diretamente a produtividade!
Agindo no exterior das células, como uma espécie de “capa´´, eles elevam a capacidade de adaptação dos rizóbios a estresses ambientais.
Essas bactérias e fungos benéficos que vivem em simbiose com as plantas, garantem que em momentos de seca ou ambientes de alta salinidade a planta sofra menos estresses oxidativos, isso porque eles se encontram em contato direto com as raízes da planta.
E como se chama esse “manto´´ protetor?
Bom, aí vai mais um nome para o seu vocabulário:
Biofilme
O biofilme são grandes comunidades de bactérias com alto grau de organização, exatamente, é como se fossem cidades inteiras de bactérias conversando umas com as outras, tudo isso, no solo.
Ele é um dos exemplos de interações microbianas que são de suma importância para o desenvolvimento vegetal.
Isso graças à capacidade dos exopolissacarídeos de interagirem externamente com a membrana das células possibilitando relações sinérgicas entre esses diversos organismos na rizosfera.
Não à toa, quase 90% de todo o biofilme bacteriano é formado exclusivamente por eles: Os exopolissacarídeos.
Se isso ainda não foi o bastante, aqui vai mais!
Os EPSs também são capazes de melhorar a qualidade do solo.
Eles promovem a formação de agregados no solo, graças a suas propriedades físicas de aderência, lembra quando citamos que eles são como uma espécie de “gelatina de açúcares´´?
Isso melhora a porosidade e a capacidade de retenção de água e nutrientes, fazendo com eles atinjam as camadas mais profundas do solo mais facilmente e possa ser melhor absorvida pela planta.
Consequentemente, as plantas têm acesso a uma maior quantidade de nutrientes, o que contribui para o seu desenvolvimento tanto radicular como aéreo.
E você sabe o que isso significa?
Sim, produtividade!
Veja como é complexa a formação do biofilme:
Fator Protetor
Por último, mas não menos importante, além de todo o ecossistema mantido pelos exopolissacarídeos que ajudam na nutrição das plantas e no enfrentamento de estresses abióticos, como as secas.
Os EPSs desenvolvem um papel que culmina na redução da necessidade de adubação e pesticidas químicos, resultando em uma economia considerável e isso afeta diretamente o bolso do produtor.
Isso se dá através de um processo de concentração de minerais e nutrientes no meio, o que reduz o contato direto entre as moléculas hidrofóbicas ou carregadas.
Mas o que isso significa?
Bom, isso afeta a taxa de fixação nas superfícies pelos micro-organismos, o que aumenta a adesão bacteriana (sim, daquelas mesmas bactérias benéficas presentes na rizosfera).
Agora elas conseguem se fixar e até penetrar as raízes da planta com muito mais facilidade.
Mas não é só isso, a via de ação dos exopolissacarídeos é relativa também à interação planta-bactéria internamente.
Eles auxiliam o movimento bacteriano por entre os tecidos vegetais, isso quando a bactéria já está dentro da planta, favorecendo o crescimento dos espaços intracelulares e por consequência ajudando a planta na defesa contra fitopatógenos.
Todos esses benefícios e nem comentamos especificamente sobre os diversos impactos ambientais positivos a respeito da presença dos exopolissacarídeos no solo, assunto esse que podemos abordar em um próximo blog.
Quer assistir sobre o assunto, acesse o video abaixo:
Como identificar os EPSs no Solo?
A metagenômica pode ser utilizada para identificar a composição microbiana do solo e desse modo, identificar os micro-organismos relacionados com a produção de EPSs.
Essa técnica permite uma identificação mais abrangente da composição da microbiologia do solo, auxiliando no desenvolvimento de estratégias de manejo mais eficazes e personalizadas para cada tipo de manejo.
Ter ciência da composição microbiológica do seu solo é sinônimo de produtividade e planejamento, pensando nisso a B4A oferece um serviço de diagnóstico do solo completo e personalizado.
Com o FB Diagnóstico é possível identificar a microbiota do seu solo e traçar as melhores estratégias para o seu manejo.
Para mais detalhes sobre essa tecnologia, entre em contato com a nossa equipe.
Autoria: Marcos Cabral, Estácio Odisi e Yasmin Boeira da B4A