Trichoderma é um gênero de fungos muito conhecido por atuar como agente biológico no controle de doenças de plantas e, mais recentemente, também pela capacidade de melhorar o desenvolvimento das raízes e potencializar a produtividade, a resistência a estresses abióticos e a captação e utilização de nutrientes destes vegetais.
Diversas espécies desse gênero são amplamente estudadas devido a sua grande importância agrícola, sobretudo como biofungicidas, biofertilizantes e condicionadores de solo.
Além disso, o gênero Trichoderma também está distribuído em diferentes ecossistemas, com alta diversidade genética e funcional. Essa versatilidade, aliás, está relacionada à variabilidade genética de indivíduos desse gênero, permitindo sua sobrevivência em locais e condições diversos. Ainda assim, é normalmente encontrado no solo, associado a plantas, tanto na rizosfera quanto como endofíticos.
As espécies apresentam baixa exigência nutricional e uma faixa de temperatura relativamente ampla (25–30 °C) para seu crescimento ótimo. Além disso, têm alta adaptabilidade às diferentes condições ambientais e podem crescer saprofiticamente (na matéria orgânica em decomposição), interagir com animais e plantas e se desenvolver em vários substratos, facilitando os estudos relacionados ao potencial e à produção em massa para uso agrícola.
O Brasil é destaque em pesquisa e uso comercial deste gênero fúngico como ferramenta biológica para o manejo de doenças e incremento da produtividade agrícola.
Além disso, o Trichoderma também atua como tecnologia alternativa no desenvolvimento da agricultura sustentável, já que, além de combater a ação de agentes patogênicos, também promove o desenvolvimento de plantas podendo reduzir o uso excessivo de produtos químicos.
Mecanismos de ação de Trichoderma
1. Controle biológico
As espécies de Trichoderma mais utilizadas na agricultura são T. asperellum, T. harzianum, T. Koningiopsis e T. virens., e podem atuar de maneira indireta no controle de patógenos. Isso é possível através da competição por espaço e nutrientes e por antibiose, a partir da produção de metabólitos secundários (sideróforos, ácido harziânico, viridiol, trichotoxinas, etc.), que inibem o crescimento ou a reprodução de micro-organismos patogênicos, inclusive os de difícil controle.
Diversas pesquisas relatam o potencial de Trichoderma no controle biológico, como os exemplos a seguir:
- Podridão-radicular (Rhizoctonia solani);
- Nematoide-das-lesões (Pratylenchus zeae);
- Tombamento (Pythium aphanidermatum);
- Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum);
- Podridão-do-colo (Sclerotium rolfsii);
- Podridão cinzenta (Botritys cinérea);
- Fusariose (Fusarium spp.), etc.
Este gênero pode atuar de maneira direta também na proteção da planta, a partir da indução de resistência. Esta indução ocorre quando o fungo interage em diferentes níveis com a raiz da planta que está em situação de estresse, sendo este biótico (patógenos) ou abiótico (salinidade, seca, temperatura, metais pesados, nutrientes, etc.).
A partir disso, tais fungos liberam substâncias que ativam os mecanismos de defesa da planta, como ácido abscísico, sideróforos, ACC- deaminase, entre outras substâncias excretadas por este gênero.
2. Promoção do crescimento
Além de ser um ótimo solubilizador de nutrientes como fósforo, potássio e alguns micronutrientes, os fungos Trichoderma também produzem fitohormônios como auxinas, giberelinas, citocininas, etc., que aumentam o sistema radicular e da parte aérea da planta, além do desenvolvimento de pelos absorventes nas raízes laterais e do percentual germinativo das sementes.
Ou seja, todos os mecanismos citados (competição, antibiose, indução de resistência, solubilização de nutrientes e produção de fitohormônios) aumentam a produtividade das culturas e podem ocorrer juntos ou não, dependendo da necessidade da planta.
Como manter o fungo Trichoderma no solo?
Como vimos, este gênero é amigo das plantas e é por isso que não podemos esquecer que apesar de serem resistentes a mudanças no ambiente eles necessitam de condições mínimas apropriadas para se desenvolver e que o uso de alguns inseticidas, herbicidas e a maioria dos fungicidas podem afetar sua atividade no solo.
Neste sentido, a tecnologia da B4A, consegue mapear os micro-organismos atuantes no solo e suas funcionalidades, como no FB Diagnóstico.
Além disso, também é possível empregar as técnicas de qPCR para quantificar estes diferentes atributos funcionais de Trichoderma, descobrindo se o solo precisa de algum manejo biológico para favorecer as linhagens deste gênero fúngico.
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Texto: Yasmin Boeira, microbiologista da B4A