Como os produtores de bioinsumos podem se beneficiar da análise genética do solo

Entenda como produtores de bioinsumos podem se beneficiar da análise genética para demonstrar os efeitos de seus produtos sobre o solo
análise genética auxilia na produção de bioinsumos

A produção de bioinsumos já movimenta em torno de um bilhão de reais anualmente no Brasil e tende a render ainda mais nos próximos anos, impulsionada pela política nacional de produção e uso de bioinsumos do Ministério da Agricultura, criada em 2020.

Por definição, bioinsumos são micro-organismos de origem biológica (bactérias e fungos, principalmente) que ajudam na fertilização do solo e no controle de pragas. Um exemplo disso é uso das bactérias dos gêneros Bradyrhizobium, Rhizobium e Azospirillum na fertilização do solo, a partir da fixação do nitrogênio.

No entanto, além da fertilização, os bioinsumos também são úteis para estimular o crescimento vegetal (a partir da produção de fitormônios) e combater pragas e doenças que possam ameaçar a lavoura. Ou seja, conhecer o solo pode ser bastante estratégico para otimizar o uso de bioinsumos, impulsionando a produtividade agrícola.

Neste texto, apresentamos algumas formas de desenvolver bioinsumos e explicamos como a análise genética do solo pode beneficiar a produção destes micro-organismos, favorecendo a produção agrícola. Confira:

Bioinsumos: aprimoramento e desenvolvimento

Apesar do sucesso dos bioinsumos na agropecuária, há uma demanda crescente pelo desenvolvimento de novas soluções biológicas e pelo aumento do uso desse tipo de insumo no aprimoramento de produtos já existentes.

Um aspecto importante para que estas demandas sejam atendidas é o conhecimento da biodiversidade natural dos nossos solos, habitat de uma grande quantidade e variedade de micro-organismos.

Dessa forma, a partir do conhecimento do conjunto de micro-organismos que vive no solo (microbioma), é possível buscar as espécies com os melhores atributos para o aprimoramento e desenvolvimento de bioinsumos.

Outro aspecto fundamental para a consolidar o uso de bioinsumos é a realização de estudos que comprovem sua eficácia. Isso pode ser feito a partir da comparação entre solos com e sem a aplicação de determinado produto.

Porém, este estudo de solo não deve se restringir apenas à mensuração da produção vegetal ou de variáveis abióticas, mas também à análise dos componentes biológicos, que têm como objetivo melhorar a performance natural de um local.

A análise genética do solo direcionada ao mercado de bioinsumos

Segundo o geneticista André Oliveira de Souza Lima, a análise genética é uma das ferramentas mais modernas e adequadas para descrever a comunidade biológica de um solo, tanto em relação à sua composição quanto aos seus aspectos funcionais.

Com ela, o DNA dos organismos presentes no solo pode ser extraído e sequenciado, conhecendo assim seus principais gêneros e espécies, bem como as funções que realizam.

Na plataforma Agri-Analysis, desenvolvida pela Biome4All, é possível avaliar todos os efeitos do uso de bioinsumos sobre a comunidade biológica de um solo. Isso é possível a partir da leitura de dados genéticos (aspectos taxonômicos e funcionais), o que permite julgar se o efeito observado é natural ou está relacionado ao que foi aplicado.

Dessa forma, os produtores de bioinsumos podem usar a análise genética para demonstrar, de maneira ampla e detalhada, os efeitos de seus produtos sobre o solo.

Com isso, espera-se que os produtores agrícolas confiem mais no uso de bioinsumos, que, em muitos aspectos, são menos prejudiciais ao meio ambiente e podem potencializar a produção vegetal de um solo.

Texto: Marcus Adonai Castro da Silva – microbiologista e cofundador da Biome4All

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