A cultura de milho é uma das mais importantes, uma vez que o cereal e os produtos derivados dele estão entre os alimentos mais consumidos no mundo. Por outro lado, o produtor de milho enfrenta problemas na sua produção, muitas vezes relacionados como fatores ambientais adversos e pragas e doenças.
Entre os fatores ambientais que podem prejudicar a produção de milho, estão desbalanço hídrico, as temperaturas inadequadas e a baixa luminosidade. Em relação às pragas e doenças, os principais organismos que prejudicam o cereal são fungos e insetos. Considerando-se esses desafios, vou abordar neste texto os resultados de um estudo genético de solo cultivado com milho, realizada por meio do FB Diagnóstico da B4A, indicando como as informações geradas podem ser usadas para gerenciar tais problemas.
A microbiota do solo e o estresse ambiental
Como expus em outros textos, a microbiota do solo pode auxiliar a planta na resistência ao estresse ambiental. Considerando-se o problema da estiagem, os micro-organismos da amostra analisada apresentam um bom potencial para proteger as plantas, especialmente em relação às bactérias. Contudo, para os fungos, alguns atributos que poderiam proteger o vegetal podem ser melhorados. O potencial dos fungos para a produção de ácido salicílico, exopolissacarídeos e de certas enzimas oxidativas é baixo. Logo, ações direcionadas à comunidade de fungos desse solo podem resultar no aumento da resistência às secas.
A microbiota do mesmo solo não apresentou potencial genético para a produção de compostos voláteis e ácido abscísico, que regulam a resistência sistêmica do vegetal para vários fatores ambientais estressantes. Novamente, uma medida que pode melhorar a qualidade desse solo é aumentar tal potencial natural, seja pela introdução de organismos com esses atributos ou pelo emprego de práticas agrícolas que estimulem o crescimento de micro-organismos que podem atuar nesses processos.
Estimulação do crescimento do milho pela microbiota
Entre os muitos efeitos provocados por condições climáticas adversas sobre o milho, podemos destacar a redução do florescimento e do desenvolvimento do vegetal. A microbiota do solo também pode ser benéfica em aliviar esses efeitos negativos, produzindo hormônios que regulam o funcionamento do vegetal.
Alguns dos principais hormônios que regulam o florescimento são as giberelinas. No solo que estamos analisando, o potencial para a produção deste tipo de hormônio é baixo, tanto nas bactérias quanto nos fungos. Com isso, vemos que os vegetais cultivados nesse solo possuem menos proteções naturais contra condições climáticas adversas. Portanto, podemos trabalhar com esse outro aspecto da microbiota, visando benefícios para a lavoura.
O combate às pragas
Neste estudo do solo, podemos detectar a presença de alguns gêneros de fungos que podem ser patogênicas ao milho como, por exemplo, Fusarium e Cercospora. Porém, também podemos observar na microbiota deste solo os atributos que podem auxiliar o produtor no combate às pragas.
De maneira geral, a microbiota desse solo apresenta um alto potencial para biocontrole. Tanto as bactérias quanto os fungos são capazes de controlar ameaças bacterianas, fúngicas e por nematódeos. Porém, quando examinamos o potencial para o controle de insetos observamos que é muito baixo.
Considerando-se a importância dos insetos como pragas agrícolas é de nosso interesse melhorar esse potencial, e o FB Diagnóstico também nos fornece sugestões para tanto. Quando examinamos a biodiversidade do solo, e, em particular, a frequência dos gêneros de fungos que atuam no seu controle, observamos que o solo não apresenta organismos do gênero Beauveria. Além disso, a frequência do gênero Metarhizium se encontra mediana. Ambos os gêneros são comumente usados no controle de insetos. Portanto, a frequência desses organismos no solo pode ser um alvo de ações práticas para melhorar o combate aos insetos prejudiciais ao milho.
Dr. Marcus Adonai Castro da Silva – cofundador da B4A.